Resenha: Meu Inverno em Zerolândia - Paola Predicatori

1:30 PM

Meu Inverno em Zerolândia Livro:  Meu Inverno em Zerolândia
Autor (a): Paola Predicatori
Páginas: 184
Editora: Suma de Letras
Nota: 





Sinopse (via skoob): Meu inverno em Zerolândia é a história de uma perda, da vida escolar conturbada e dos caminhos desajeitados e incertos que o amor pode tomar. Alessandra tem 17 anos quando sua mãe morre. Sua dor é como uma redoma e quando retorna à escola, se afasta dos amigos e vai sentar-se junto a Gabriel, conhecido como Zero, a nulidade da turma. Deseja apenas ser ignorada, como acontece com ele. Zero, porém, é mais interessante do que parece. Em sua falsa indiferença, é atento e sensível. É ele quem socorre Alessandra, aparecendo inesperadamente ao seu lado quando ela precisa de ajuda. Viram um par: Zero e Zeta. Aos poucos, um sentimento indefinível ganha forma entre as paredes da classe e a praia de inverno, surgindo uma história delicada e forte que mudará para sempre a vida desse casal de adolescentes. De maneira realista, Meu inverno em Zerolândia mostra a juventude italiana e seu cotidiano, em uma história dura e envolvente, capaz de mostrar que a soma de dois zeros não é zero, mas sim dois. 




 Resenha: Meu inverno em Zerolândia é o primeiro livro da Maratona que eu termino; escolhi esse livro por imaginar que seria um bom romance, daqueles meio clichês e grudentos em que os personagens são jovens demais para agirem corretamente, e as suas ações às vezes acabam irritando o leitor. Mas o que aconteceu durante a leitura, e o que esse livro me causou foi muito mais profundo e bonito; foi além de uma história aparentemente doce e cheia de amor.
 A história começa com a Alessandra contando um pouco sobre sua mãe após a morte dela, e de como sua vida se reinicia com a volta às aulas após o seu enterro, como ela ignora suas então "amigas" e resolve ir até o fundo da sala, sentar-se com Gabriel, o Zero da turma, e fingir ser invisível também. No início ninguém entende nada, nem mesmo Alessandra, mas Zero não parece se importar com a presença dela, e está sempre desenhando sem se importar com nada ao seu redor. É tentando entrar nesse mundo que Alessandra se vê interessada em Zero, na calma e até indiferença que ele demonstra, mesmo tendo problemas familiares que são motivos de chacota pelos outros colegas de classe ricos: o pai de Gabriel é um homem bêbado que não trabalha e é extremamente violento, já a mãe, é uma pobre mulher que apesar de sofrer nas mãos do marido, ama seu filho mais que tudo.




 "Agora estou em Zerolândia. Novo país, novas pessoas, praticamente duas, eu e Gabriel Righi, o único, exclusivo e autêntico Zero, o rei absoluto de um reino deserto, bobo da corte a contragosto numa turma que não perde nunca a ocasião de dar risada às suas custas."



 Apesar de no início pouco se importar com seu colega de mesa, aos poucos, Alessandra nota o jeito solitário de Zero como um refúgio, e ambos começam a se tornar mais íntimos no decorrer das semanas. O problema é que Ale não sabe como se aproximar de Zero, ele parece sempre distante demais, com seu jeito de quem pouco se importa, tanto com a turma ou os professores, quanto com ela. 
 Então ela decide ir à uma festa do colégio, para ver se consegue voltar ao "antes", e após ter uma discussão com o cara mais bonito da escola, Giovanni, que tentou agarrá-la a força e se aproveitar de sua bebedeira, Ale é salva por ninguém menos do que Zero. E então finalmente é dada a largada para o relacionamento entre os dois.



"Fecho de novo os olhos e me aperto ainda mais a Gabriel. Dois zeros em fuga na noite, o infinito, nós também somos o horizonte de algo que combina com a escuridão."



 Todo o livro é narrado pela Alessandra em forma de diário, a maioria dos capítulos são marcados como dias, mas  há alguns em que ela narra os momentos do passado que viveu com sua mãe, indo desde à momentos em que ela era muito pequena, até à alguns instantes antes de seu enterro.
 Nesses capítulos, mais que nos outros, dá para sentir algo muito pessoal na narrativa, porque ela fala como se fosse uma carta escrita exclusivamente para a sua mãe, nos capítulos do diário também acontece isso, várias vezes, mas são mais sutis. 




"“Quando você volta?”
“Quando você dormir.”
E eu adormecia, e no tempo do sono você voltava. Eu acordava e a chamava logo, às vezes chorosa, às vezes contrariada, e você vinha. Tinha mantido a promessa, tinha voltado. Eu do sonho do meu sono, você do mundo lá de fora.

(...) Saudade de quando eu ainda não tinha nascido e éramos uma coisa só e você nunca iria embora sem mim." 




"Você não será o pensamento constante que dói, mas a coisa inesperada que nos surpreende e nos liberta."



 Eu me senti muito "afetada" com esse livro, sinceramente, consegui sentir tudo o que a Alessandra narrava, toda a angústia que ela sentia. A narrativa tem um toque de poesia tão lindo que me encantou; não é atoa que a resenha está cheia de partes do livro (eu queria ter colocado muitos mais, mas eu ia acabar colocando o livro inteiro hahaha). A autora não poderia ter feito uma estreia melhor. 
 A história é um aprendizado, nos faz refletir sobre os pequenos detalhes da vida que deixamos passar despercebidos, aqueles em que nada aparenta ser grandioso, então é lhe dado pouco valor. E tudo remete à isso: dar valor às pequenas coisas.



"Quando a felicidade voltar, vou fingir que não é nada. Fingirei não perceber, como alguém que pode dispensá-la, que aprendeu e se basta. Quando a felicidade voltar, não vou dizer nada a ela. Fingirei não a ver e pronto. Do mesmo jeito como, quando estudava, eu ouvia você se movimentando em seu quarto, ouvia o rádio transmitir a música baixinho, e não prestava atenção porque aquilo me parecia uma coisa de nada. Era aquilo, a felicidade, e eu não sabia."



 Confesso que em muitas partes o Gabriel me confundia tanto quanto confundia a coitada da Alessandra, às vezes ele parecia se importar, mas em outras ele parecia totalmente indiferente. Mas gostei dele, dava para ver que aquele era o jeito dele pra tudo, era como se ele fosse uma concha cheíssima por dentro, mas para se chegar até lá e ver esse seu lado, era muito difícil. Não dá pra considerar ele o tipo clássico de bad boy que se lê nos livros de hoje em dia; muito pelo contrário, e isso também me agradou. Há momentos realmente fofos entre eles e são nesses momentos em que dá para ver como o Zero é. Isso e nos desenhos que ele faz.



"Agora meu coração bate tão forte que imagino ter dois. É como estar em outro planeta e ter que habituar os pulmões a uma quantidade diferente de oxigênio. E talvez seja realmente assim, quando estou com Gabriel. Outro planeta, outro lugar."



 Há personagens secundários que eu adorei, como as amigas da mãe de Alessandra, Claudia e Angela, que acabam sendo ótimas para ela, e que se tornam suas novas melhores amigas também, apesar de as duas serem muito mais velhas que a Ale. Mas ela também se sente mais velha, mais madura, e as amizades que ela tinha antes, como a sua então melhor amiga Sonia, se tornam fúteis demais pra ela.
 Já essa amiga Sonia é totalmente insuportável, do tipo de gente que é mais falso que nota de três reais. Talvez tenha sido por causa da narração ou da minha interpretação pessoal, mas eu não consegui gostar dessa personagem.
 Outro que teve destaque na história é Giovanni, o lindo e atlético garoto de olhos verdes que tenta ficar com a Alessandra na festa da escola.
 O problema é que Sonia havia namorado Giovanni por pouco mais de um mês, e ela ainda é totalmente obcecada por ele, o que rende muitos momentos bem tensos entre as duas.
 É com Giovanni que a Ale sofre maus bocados, eu morri de pânico quando li as cenas, me senti como se fosse ela e me apavorei junto, mas não vou entrar em detalhes, porque isso é umas das partes mais tensas e importantes da história.



 "Qual é o trabalho que exige a mais alta capacidade de contar mentiras e acreditar profundamente nelas? Descobrir isso seria importante, eu teria o futuro garantido."



 A autora não se deteve e descreveu os adolescentes do livro sem restrição alguma, revelando um mundo distante do adulto, onde não há regras nem privações.
 Posso dizer que esse livro foi uma ótima escolha para a maratona, a leitura é rápida, os capítulos são curtos, e eu amo isso pois acho que facilita muito e não deixa que as coisas fiquem "pesadas"; a diagramação é bem simples e eu não encontrei nenhum erro de digitação.
 Recomendo totalmente a leitura. Parece ser uma história simples de uma garota solitária que conhece um garoto solitário, mas vai muito além disso, vai além da capa e de qualquer estereótipo feito antes de se virar as primeiras páginas. É tocante, e sem esforço, conseguiu me prender e me fez querer ler mais. Infelizmente o final ficou meio incerto, nem ele foi como eu imaginei que seria, e, mesmo não me deixando totalmente feliz, acho que ficou de bom tamanho. Zerolândia é o tipo de lugar em que a gente sente vontade de revisitar várias e várias vezes, e depois que eu cheguei ao final, percebi que o fim do livro estava ali, abertamente escrito nas poucas letras do título. Vocês só vão entender quando lerem, então, leiam.
 Amei cada parte, me emocionei, me apaixonei e me encantei com essa história, que não merece nem de longe um Zero, e sim, um lindo e gigante Dez.



"É incrível, pensei, como o final das coisas sempre se parece com o início."



 É isso meus amores, logo sairá resenha do segundo livro da maratona. Aguardem! 
 Beijos.

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6 comentários

  1. Adorei a sua resenha ;)
    Bjs
    http://eternamente-princesa.blogspot.com.br/

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  2. Oi Sara :)
    Nossa , ai eu me pergunto ? Como é que uma história tão linda e aparentemente tão cheia de conteúdo pode caber em apenas 184 páginas ? Acho que se lesse esse livro sentiria uma vontade imensa de implorar a autora por uma continuação kkk

    Sério , gostei muito da sua resenha e fiquei super curiosa quanto a esse livro , parece ser espetacular :)

    Ótima resenha ! Abraços flor
    Carol | dezenove--primaveras.blogspot.com.br

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    1. hahahaha pois é Carol, eu também não entendo, mas acho que tem algo de intenso nessa história, eu realmente me surpreendi. Espero que você leia e goste desse livro também.
      Muito obrigada pela sua visita. Beijos!

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  3. Gostei muito da tua resenha, Sara, fiquei com vontade de ler o livro.
    Gosto muito dessas histórias mais profundas e que deixam alguma reflexão :D

    Beijo
    Colecionando Primaveras
    Fan page

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    1. Ah que bom, Ellem! Fico super feliz, espero que você realmente goste.
      Beijos!

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